quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Primeiras impressões: Windows 8 Developer Preview


Pouco mais de três meses após apresentar pela primeira vez o Windows 8, a Microsoft colocou à disposição dos desenvolvedores nesta terça-feira (13/09) uma amostra de seu mais novo sistema operacional.
Batizada de “Windows 8 Developer Preview” e anunciada durante a palestra de abertura da conferência Build 2011, esta versão do sistema é incompleta, mas serve para dar uma idéia dos rumos que a empresa pretende tomar com o produto. E mais importante: dá aos desenvolvedores ferramentas e um ambiente para que possam desenvolver e testar aplicativos otimizados para o Windows 8, para que eles já estejam prontos quando o sistema chegar às lojas e PCs do mundo todo em 2012.
Mas apesar do nome, o “Developer Preview” do Windows 8 pode ser baixado por qualquer um disposto a correr alguns riscos usando software inacabado e com paciência para esperar o download, que varia entre 2.83 e 4.8 GB. Basta acessar o site dev.windows.com e escolher a versão mais adequada para seu PC.
Foi o que fizemos: colocamos esta amostra do sistema em um de nossos PCs para mostrar o que o Windows 8 tem a oferecer. Vamos dar uma volta?
Atenção, atenção!
Caso você ainda não tenha entendido o recado: o Windows 8 Developer Preview é um sistemaincompletopotencialmente instável e sem nenhum tipo de suporte técnico. Você é livre para experimentá-lo, mas em nenhuma hipótese deve fazer isso em seu PC “de trabalho”. Também não espere substituir o Windows 7 pelo Windows 8, já que este ainda não está pronto para o dia-a-dia. Neste momento o sistema serve mais como “curiosidade” e um “gostinho” do que está por vir. E não custa lembrar: no momento o sistema só está disponível em inglês.
Nosso hardware de teste
Instalamos o Windows 8 em uma máquina bem modesta, equipada com um processador dual-core Intel Atom 330 rodando a 1.6 GHz, com 1 GB de RAM e um HD de 250 GB. Fizemos isto por um motivo simples: durante a apresentação do Windows 8 na conferência Build 2011 o presidente da divisão Windows da Microsoft, Steven Sinofsky, fez questão de frisar que o novo sistema rodará tão bem quanto, e em alguns casos até melhor, que o Windows 7 no mesmo hardware.
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Steven Sinofsky fala sobre o Windows 8 na abertura da conferência Build 2011
Como exemplo, o executivo mostrou um netbook Lenovo (equipado com um processador Atom e 1 GB de RAM) que teria sido usado três anos antes, durante as primeiras demonstrações do Windows 7. Nele o sistema atual consome mais de 400 MB de RAM logo após o boot, mas o Windows 8, segundo Sinofsky, consome apenas 281 MB.
A mensagem é clara: para rodar o Windows 8 não será preciso comprar um novo PC. A máquina que você já tem hoje, rodando o Windows 7, provavelmente atende a todos os requisitos do sistema. A principal exigência é quanto ao monitor: para rodar a nova interface, chamada “Metro”, ele deve ter resolução mínima de 1024 x 768 pixels.
O sistema é otimizado para telas “widescreen”, e o ideal é uma resolução de 1366 x 768 pixels, necessária para rodar dois aplicativos “lado a lado”. Telas com resolução menor do que 1024 x 600 pixels ficarão limitadas ao desktop “clássico”, como o usado no Windows 7.
Quem quiser experimentar o sistema precisa de um PC com no mínimo um processador de 1 GHz, 1 GB de RAM e 16 GB de espaço em disco. Depois de instalado, o sistema consumiu apenas 8 GB. Ficamos impressionados com a rapidez da instalação: foram necessários apenas 20 minutos, do boot ao primeiro acesso ao desktop.
A interface
Passe os olhos sobre o monitor de um PC com o Windows 8 e você pode achar que ele foi possuído por um smartphone. A nova interface é claramente influenciada pelo Windows Phone 7 e troca o desktop, ícones e gadgets pelo que a Microsoft chama de “Live Tiles”: são retângulos coloridos que podem conter tanto um atalho para um aplicativo quanto informações atualizadas constantemente, como notícias ou a previsão do tempo.
O Menu Iniciar também desapareceu. A tela inicial é chamada simplesmente de “Start” (Iniciar) e contém um conjunto padrão de tiles que podem ser reorganizadas de acordo com a preferência do usuário: basta arrastar e soltar. Ao serem instalados os aplicativos criam novas tiles (o equivalente de um atalho no desktop ou no Menu Iniciar), e elas poderão ser divididas em grupos, para facilitar a organização.
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A interface Metro: Menu Iniciar, ícones e gadgets são coisa do passado
Até as formas mais básicas de interação com o sistema mudaram no Windows 8. Para abrir um aplicativo basta um clique sobre sua tile, e não dois cliques sobre um ícone como hoje em dia. Quando ele está em execução, um clique com o botão direito do mouse abre um menu com opções, que normalmente ficariam em uma barra de ferramentas no topo da janela do aplicativo.
Aliás, não há janelas, algo estranho em um sistema chamado “Windows”: todos os aplicativos otimizados para o Windows 8 rodam a princípio em tela cheia, embora seja possível arrastar um aplicativo aberto e colocá-lo lado-a-lado com outro, ocupando uma “tira” na lateral da tela. Assim, é possível ficar de olho no Twitter enquanto se navega na web, por exemplo.
Também não há uma barra de tarefas. Um toque na tecla Windows no teclado leva o usuário de volta para a tela inicial, e coloca o aplicativo que estava sendo usado em uma espécie de “hibernação”: ele não consome poder de processamento, mas basta um clique em sua tile para que ele volte à ativa do ponto onde o usuário parou. Ou seja, na prática não é mais necessário se preocupar com conceitos como “abrir” ou “fechar” um programa: basta clicar no que quer usar. É uma experiência muito mais próxima do que é encontrado em um tablet moderno (com Android Honeycomb ou iOS) do que em um PC.
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Aplicativos lado-a-lado: Twitter (à esquerda) e o Internet Explorer 10 (direita)
Isso não significa que o desktop como conhecemos atualmente esteja morto. Ao rodar um aplicativo “Win32” (ou seja, desenvolvido para versões do Windows anteriores ao Windows 8) ele surge na tela, igualzinho ao do Windows 7. Barra de tarefas, lixeira, janelas, está tudo lá. Assim o usuário não é forçado a “mergulhar de cabeça” no novo mundo da interface Metro, e pode continuar usando seus aplicativos atuais com o novo sistema, sem ter de reaprender nada.
Em teoria isso é o melhor dos dois mundos. Por outro lado pode causar confusão entre os usuários, principalmente os menos experientes, que poderão ter dificuldade em alternar entre dois diferentes modos de interação com a máquina.
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O Internet Explorer 10 tem duas interfaces. Esta é a versão Metro
Vale notar que alguns aplicativos, como o Internet Explorer 10, tem duas interfaces diferentes, dependendo de como foram chamados. Se você abrir o IE a partir da nova interface ele assume o visual Metro, com os sites ocupando a maior parte da tela e uma pequena barra de ferramentas no rodapé com botões de navegação e a barra de endereços. Se você abrí-lo a partir do Desktop clássico ele terá a mesma cara do IE9 no Windows 7. Não duvidamos que a Microsoft vá adotar esta mesma estratégia em aplicativos futuros, como o Microsoft Office.
Aplicativos
Há poucos aplicativos pré-instalados no Windows 8 Developer Preview: a maioria deles são simples demonstrações de conceitos, desenvolvidas ao longo das últimas semanas por funcionários da própria Microsoft.
O mais útil é um preview do Internet Explorer 10. Além disso há uma quantidade impressionante de jogos simples (onze no total), um editor de imagens (Paintplay), duas ferramentas para música (Piano e BitBox), clientes para o Twitter (Tweet@rama) e Facebook (Socialite) e um leitor de feeds RSS (News), além de utilitários como alarmes e previsão do tempo. Infelizmente a Windows Store, loja com aplicativos para o sistema, não está em funcionamento, apesar de haver uma tile para ela na tela inicial.
Quem baixar a versão Windows Developer Preview with developer tools English, 64-bit (x64) leva, junto com o sistema operacional, uma cópia do kit de desenvolvimento (incluindo o Visual Studio 11 Express e o Expression Blend 5), amostras de código e mais alguns aplicativos extras de demonstração. 
Desempenho
Ficamos surpresos com o desempenho do Windows 8 no modesto hardware de nossa máquina de testes. O boot levou apenas 35 segundos. Abrir aplicativos foi algo praticamente instantâneo, e alternar entre eles foi igualmente rápido. Não vimos a máquina “parar para pensar”, como é comum em PCs no dia-a-dia, embora a pequena quantidade de aplicativos no sistema com certeza contribua para isso.
A Microsoft promete que PCs feitos sob medida para o Windows 8 poderão dar boot em apenas 8 segundos, e entrar e sair de “hibernação” quase que instantâneamente. E um novo modo de economia de energia, chamado de “Connected Standby”, reduzirá o consumo ao mínimo, mas ainda assim permitirá que a máquina receba atualizações de e-mails e redes sociais, mesmo que aparentemente desligada. Estes recursos dependem de hardware específico que não existe em nossa máquina de testes, portanto não pudemos testá-los.
A estabilidade variou ao longo do uso. Não vimos nossa máquina “congelar” completamente, mas com certeza vimos aplicativos que deixaram de funcionar, painéis que se recusavam a aparecer na tela e pendrives que “sumiram” do gerenciador de arquivos, apesar de plugados ao PC. Em um momento vimos a interface inteira desaparecer por alguns minutos, deixando em seu lugar apenas uma tela verde e a setinha do mouse. Nada que um reboot não resolvesse, e um comportamento esperado em uma versão ainda tão “crua” do sistema.
Novas ferramentas para manutenção
Todo usuário de PC sabe que às vezes não há outra saída: o único jeito (ou o mais fácil) de salvar o sistema, seja de uma infestação severa por malware ou do “lixo” acumulado ao longo dos anos que o deixa mais lento é formatar o HD e recomeçar do zero. E quem já fez isso sabe o trabalho que dá: fazer backup dos arquivos, formatar, instalar o sistema, baixar os drivers, reinstalar os programas, restaurar os arquivos... quando você se dá conta, lá se foi o fim de semana.
O Windows 8 promete facilitar muito as coisas na hora de tomar “medidas drásticas”, com duas novas opções no painel de controle. A primeira se chama Refresh your PC without affecting your files, e basicamente instala uma cópia “fresquinha” do sistema operacional, sem tocar em suas fotos, músicas, videos ou programas instalados através da Windows Store (programas instalados manualmente serão removidos).
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Refresh: reinstale o sistema sem mexer em seus arquivos e programas
A segunda é a Reset your PC and start over, e basicamente “zera” tudo e retorna a máquina à configuração de fábrica (caso seja um PC que veio com o Windows 8) ou deixa o sistema como se tivesse acabado de ser instalado. Nesse caso, todos os arquivos pessoais na máquina serão removidos. É como usar o disco de restauração que veio com seu PC.
O que não está no Preview
Alguns dos recursos demonstrados por Sinofsky em sua palestra na Build 2011 não estão disponíveis neste Developer Preview do Windows 8. Entre eles aplicativos como o cliente de e-mail, com uma interface similar ao cliente usado no Windows Phone 7.
Outros recursos dependem do hardware, como o boot rápido em 8 segundos, que exige um PC equipado com UEFI, um substituto mais moderno da BIOS usada nos PCs há décadas, que ajudará a acelerar a inicialização do hardware.
Também dependente da UEFI é o sistema de boot protegido: um PC Windows 8 pode se recusar a “dar boot” a partir de um disco (como um pendrive) contendo um volume de sistema sem uma assinatura válida. Isso poderá evitar que um PC seja infectado com um “rootkit” após dar boot a partir de um pendrive infectado, por exemplo.
Será que pega?
Quem usa o Windows 8 Developer Preview vê claramente que o sistema é a resposta da Microsoft ao avanço dos tablets (como o iPad) sobre o mercado de PCs, e também a uma mudança nos gostos do consumidor que hoje busca, em vez de apenas poder de processamento, aparelhos mais leves, mais ágeis e mais fáceis de usar. Afinal, qual a utilidade de um notebook com um processador Core i5 se você precisa esperar mais de um minuto para ele “bootar” só para consultar sua agenda?
É verdade que toda nova versão do Windows promete ser “mais rápida, mais bonita e mais fácil de usar” (ao ponto de que isso já virou um clichê), mas dessa vez a coisa é séria. O Windows 8 ainda está cru e a Microsoft tem um longo caminho pela frente, mas esta primeira amostra nos impressionou muito. É a maior mudança no sistema deste o Windows 95, há 16 anos. E já não era sem tempo.

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